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O Mundo no Engenho... e o ENGENHO do Mundo

terça-feira, 30 de setembro de 2014

A relação cidade / água num contexto histórico - geografico (SP-2006)

Sistema de Esgotamento Sanitário ( foto: 2006 / ETE-Barueri/SP - autora)


"(...)Portanto, se concretizado o projeto apresentado por Saturnino de Brito, não apenas a vazão do rio seria regularizada e tornada uniforme, evitando a inundação das várzeas, como se conseguiria um armazenamento hídrico substancial, que serviria ao abastecimento de água potável à capital."  

 (* Problemas hidrológicos da grande São Paulo - Paula Beiguelman)

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – a SABESP -, é empresa de economia mista, de capital aberto, tendo como principal acionista o Governo do Estado de São Paulo. Planeja, executa e opera serviços de Saneamento Básico(1). E como um problema grave de saúde pública urbana, o estabelecimento de saneamento básico de qualidade compreende o fornecimento de água potável, o tratamento dos esgotos e o controle de epidemias (CUSTÓDIO, 2004) direta ou indiretamente relacionadas à contaminação dos reservatórios. Fiscaliza, deste modo, eventos que possam pôr em risco a saúde e a vida da população e é fiscalizada em suas ações pela Vigilância Sanitária / CONAMA (ETEs). Simultaneamente, como fornecedora de serviços está enquadrada ao código de defesa do consumidor (1990), o que pode servir de instrumento de ação cidadã na busca de melhorias na oferta de serviços a que se presta. Sua função não se limita ai. Tem a árdua tarefa de gerenciar em conjunto com outros órgãos envolvidos, os inúmeros conflitos resultantes de interesses tão diversos e contraditórios, como: manter a Usina Henri Borden (sob administração da EMAE) produzindo energia ou, revitalizar as áreas de mananciais da Billings / Guarapiranga sem o lançamento de todo esgoto proveniente dos rios Tietê/Pinheiros, que antes devem ser adequadamente captados e tratados(2). Decisões difíceis, que envolvem instâncias de poder, grupos, estudos, abordagens e interesses muito diferentes.
O desafio da questão da água, talvez, esteja na dicotomia – natureza ou sociedade? Isso porque algo foi  eclipsado na relação intrínseca existente entre as duas.

A cidade colonial fundada pelos padres Jesuítas parece ter nascido mais racional. Descreveu Caio Prado Jr. que os rios influíram na escolha do sítio como fonte de alimentação, abastecimento de água e transporte. A manutenção da vida, enfim, estava garantida no povoado que se iniciava. Nos fins do século passado, a cidade capitalizada não vivia mais o mesmo espírito “colonizador”. Materializava gradativamente outra mentalidade, que a transfiguraria deixando para trás mais de trezentos e tantos anos de letargia. O café, depois a indústria somando-se a este, enfim, pela necessidade de transportes de pessoas e de mercadorias. A Energia surgeu neste contexto como a grande revolução e um dos símbolos mais marcantes do “Progresso”(3).

Em 1910 havia uma preocupação “ecológica” com o engenheiro Saturino de Brito(4), tendo em vista que os projetos arquitetônicos da época não consideravam os aspectos naturais dos rios: sua vazão, época de cheias, entre outros. No entanto, as suas propostas nunca foram ouvidas e suas previsões de maiores inundações foram ocorrendo.
O planejamento urbano moderno priorizou a canalização e a retificação dos cursos d’água para controlá-los e melhor apropriar-se das várzeas e antigos meandros, principalmente, mas não só: para a construção de rápidas vias de acesso: vide as marginais, cujas obras demoraram trinta anos para serem concluídas. No projeto de Prestes Maia as avenidas já anunciavam que a cidade caminhava para longe das necessidades de seus moradores, diferentemente de Saturnino que, cujo projeto, não só buscava uma solução para  o controle das enchentes e das doenças causadas por elas - lembrando que ele era um engenheiro sanitarista -, como também, o abastecimento de água potável na capital, como destaca a professora Beiguelman:

"Atacando as causas, ela (a proposta de Saturnino) implica em represamentos no Alto Tietê feitos em condições tais que o rio fica regularizado em sua vazão, passando a correr uniformemente. E, ao mesmo tempo em que são assim evitadas as enchentes, o amplo armazenamento resultante possibilita o adequado suprimento de água potável à capital." *
Visando a modernização do Brasil, houve uma significativa política de transportes urbanos dando-se ênfase ao automóvel. Com o “boom” do sistema rodoviário e da emergência das grandes montadoras de veículos, os rios, aparentemente domesticados em seus leitos pelas obras de engenharia, não tardaram a nos mandar recados invadindo de volta tudo que lhes foi tomado pela “civilização” urbana.
As dimensões econômicas e políticas estiveram sempre acima da natural e humana.
Não sabemos precisar e nem tempo hábil para isso temos – em que momento a cidade perdeu a sua função social primeira, para em si, tornar-se mercadoria -, o fato é que a febre do discurso pelo progresso, com os seus novos símbolos de urbanização foi histórica e convenientemente marcando lugar. Todavia, a mancha urbana estendeu-se ao longo do século XX. Os problemas referentes a esta apropriação privada de territórios (várzeas) e águas públicas (5) ficaram evidentes: enchentes; doenças de veiculação hídrica; outras causadas pela inalação de odores liberados nos processos metabólicos; proliferação de mosquitos; alta degradação da fauna / flora e, finalmente, em decorrência, a mortalidade infantil. Descartado o projeto de Saturnino de Brito, ainda restava a solução para os empasses enchentes / abastecimento (água potável) e poluição.
A opção pela construção das ETEs ( Estações de Tratamento de Efluentes) foi  e continua sendo um processo custoso, que exige constante fiscalização, mas  que é hoje - devido às decisões passadas -, fundamental para o abastecimento e para a  Saúde Pública.

No campo...

 Água de Reuso (Foto:2006 / autora)
Em nossa visita a ETE Barueri pudemos observar, por exemplo, que realmente a água é devolvida ao corpo d’água com 80 a 90% da matéria orgânica removida, dentro dos parâmetros do artigo 18. Continua “não potável” e sofre a constante vigilância dos técnicos para que nenhum tipo de metal pesado passe despercebido e destrua as bactérias que ajudam na despoluição (6), o que paralisaria toda rotina da Estação. E, para que tenhamos uma ideia do grau de poluição aludido pelo professor Mancuso(7), o CONAMA inviabilizou o uso do lodo(8) para adubo agrícola tentando garantir o máximo de segurança ao solo e ao lençol freático(9). Mesmo a água de reuso, sua clareza de destino exige um contrato que responsabiliza o usuário pelo uso indevido e especificidade no transporte. Tem um difícil mercado.

 Água de Reuso (Foto:2006 / autora)

 Tanque de aeração ( foto: 2006 / autora)

 Tratamento Primário ( Foto: 2006 / autora)

 Esquema 1 - ETE BARUERI SP/SP/Br


 Esquema 1 (cont.) - ETE BARUERI SP/SP/Br

Considerações Finais

E efetivamente estamos caminhando a favor da vida nos centros urbanos?

Podemos aferir que o espaço e em consequência as suas águas foram apropriadas de um planejamento de base capitalista, que visava apenas o entendimento político-econômico, desconsiderando e desrespeitando a dinâmica natural dos rios e as necessidades humanas básicas. Os córregos que foram canalizados passaram a ter mais e maiores enchentes, com resultados mais drásticos pois, agora existe uma população residente em seu entorno, na maioria das vezes pobre e carente de diversos recursos, agravando a situação, afinal, queira ou não paga de uma forma ou de outra impostos e taxas recebendo somente os prejuízos da socialização.
Há muito que se fazer para atingirmos o ideal de uma "ecologia urbana" para a cidade e para as populações atormentadas pelas cheias, racionamentos, desabastecimentos, falta de saneamento. Diante dos custos contínuos, os resultados são tímidos e compartimentados. Mais segregadores do que integradores a partir do princípio que serão sempre os de baixa renda que terão menos acesso à água tratada, encanada e sistemas de esgoto eficientes.

Notas:

    
   1 -Captação, adução, tratamento e distribuição de água e coleta, afastamento, tratamento e disposição final dos esgotos (sabesp, 2006).
   2 - lembrando que inúmeros são os esforços e a mesma medida, a quantidade de esgotos clandestinos que surgem, alheios - conscientes ou não -, a eles...

   3 - http://www.comciencia.br/resenhas/histenerg.htm;
        http://www.energiaesaneamento.org.br/

   4 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Saturnino_de_Brito ;

http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=s0009-67252004000300002&script=sci_arttext;

   5 - As companhias Light e City começaram um processo de geração e distribuição de energia. Com uma racionalidade capitalista, a Light compra terras dentro da bacia do alto Tietê com o intuito de se apropriar das águas e do direito de usá-las para a geração de energia. Explorada economicamente, com aval governamental, a cidade perdeu o seu viés social / humano.


    7 - http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=346

    8 - Parte sólida do processo – a “torta”.

   9 - Isto não corre com outras localidades, precisando a R.M.S.P. procurar outras destinações a seu lodo. http://www.tratamentodeagua.com.br/r10/Biblioteca_Detalhe.aspx?codigo=1773

Agradecimentos:

*http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=s0009-67252004000300002&script=sci_arttext

Nosso texto foi escrito em 2006. Fotos: Fenix Cruz, 2006 - SP -ETE Barueri/SP.

Meus agradecimentos a minha professora Wanderli Custódio.


 Isto é Ciência. E agora José?

sábado, 27 de setembro de 2014

A quem devo proteger...

  As partes/o todo - 2014 - F.C
 
À frente de toda batalha: 
dentro do meu Eu 
estamos todos Nós.

F.C.  2014






domingo, 21 de setembro de 2014

Primeira Regra

Captura de tela - Fudo Myô (Indiano) - fonte Internet

A prudência
faz parte das virtudes 




Remédio?


 Colors.


Eu sou erva daninha:
Morro aqui e renasço lá.
Sou veneno e cura...


Basta como me olhar.

 F.C. retornando...


E aguardando o dia em que essa banda virá para o Brasil:
 
 







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