Vivemos
um momento de disputas intermináveis. Quando não entre pessoas do
mesmo sexo, junto ao sexo oposto, talvez, menos por preconceito por
parte de alguns e mais por medo de si e das próprias reações
diante de experiências novas, fatalmente comparadas com as passadas.
Os traumas dos relacionamentos permanecem na alma, retornam feito
fantasmas, acabam por minar o que poderia ser diferente e promissor.
Dizem que há uma cultura impregnando as relações humanas – a do
interesse -, presente fortemente na fala e nas ações das
últimas gerações. Todo fracasso do Eu está justificado sobre este
“interesse” que muitos temem e outros professam. Mas, que
interesse?
Observamos
que, o errado repetidas vezes se torna o certo, quando o discurso
acerca da mulher generaliza o gênero, não individualiza,
coletiviza as ações, como se todas fossem agir sempre
daquela desagradável forma. Este comportamento pouco saudável
pode atingir também os homens, contudo, não ocorre com tanta
frequência , como no caso da mulher. São raros aqueles que primam
por distinguir e separam gênero (1) de caráter. Aliás, alguns (e
algumas) antes precisam aprender a respeitar opiniões, ser mais
tolerantes com o diferente, preocupar-se mais com o aperfeiçoamento
interno do que com aquilo que ilude os sentidos. Certa vez,
alguém comentou, surpreso, de que tal moça tinha os cabelos
azuis e usava roupas e batom pretos, mas que ajudou a uma
senhora. Associou a roupa
exótica, os pearcings, a aparência externa à uma caixinha
pré-fabricada. Assim, como
neste caso, outras associações são feitas levando em consideração
coisas fúteis e, não a essência de cada um. Se todos nós
colocamos uma máscara, a fim de sermos aceitos em dado grupo ao qual
desejamos pertencer, há de se esperar inúmeras máscaras – bastará
garimpar a essência,
os fundamentos
básicos que formam
o caráter para saber se vale ou não aquele relacionamento, seja
ele qual for. Desta forma, voltando a questão do “interesse”,
este todos têm: há
de distinguirmos aquilo que é nocivo a nossa pessoa e aquilo que nos
será favorável também. Quem não tem interesse em fazer amigos?
Quem não tem interesse em encontrar o tal
amor? Quem não tem interesse em ser feliz ao executar o seu trabalho
(2)? É a qualidade
disto tudo que conta. Cabe
a cada um de nós antes
de julgar como farinha do
mesmo saco compreender
cada criatura, sentenciando
menos, discernindo
mais. No caso anterior, o espanto por alguém atípico (na visão
daquela pessoa) ajudar a idosa, reflete
a sua incapacidade de perceber
que ajudar pode ser também um interesse, por
deixar quem ajuda realizado(a).
Não é porque quer algo
material. Não é porque é
tapado(a)
e pode ser manipulado(a).
Explorado(a).
Fazer bem a alguém pode
fazer bem à pessoa. Se
todos nós somos interesseiros por natureza, a natureza do interesse
deve ser distinta: quem diz não ter interesses, mente.
Enfim,
mulheres e homens podem ser interesseiros – não só as mulheres
como tanto é frisado, à exaustão e, inclusive, pelas mulheres.
Existem estudos na área da Economia que demonstram o empobrecimento repentino de mulheres que contribuíram a vida inteira,
economicamente, com a manutenção da vida familiar e que na velhice,
ou foram abandonadas ou viúvas, passaram a sofrer com
a impossibilidade
de suprir necessidades
básicas ou mesmo, caíram
na
indigência. Estes economistas costumam aconselhar as gerações
atuais a fazer alguma forma de previdência, investimento ou poupança
com vistas a evitar um futuro degradante. São
inúmeros os casos em que mulheres doentes são abandonadas com a
prole, sem sequer saber do paradeiro da “espécie”. Destes casos
ninguém fala. Nem as mulheres. É só dar uma passadinha no setor de
Oncologia do Hospital das Clínicas e
outros.E ouvir as histórias.
Por
outro lado, há homens magníficos e companheiros, sim. Porque tudo é
questão de caráter e não de gênero. Como os seus pais criaram é
que define em parte o que que você é. Este alerta é acima de tudo
para as próprias mulheres que deixam de ensinar os seus meninos a
respeitar outras mulheres e de ensinar as suas meninas de que elas
não precisam se estapearem na escola(3) por meninos, pois Amor
não é guerra,
ou nada do que disputas representam. Nós ocidentais temos o Ego
maior do que o cérebro, queremos ser sempre o(a)
mais, o(a)
melhor, quando Ser pode ser bem mais simples. Apenas
espontâneo.
(1) - " Todas as mulheres são..."
(2) - ...é o meu sonho de consumo!
(3) - ...nem em lugar algum.